Thursday, July 19, 2007

 
-Há falta de escriturários, corre tudo para o jornalismo,
dissera o Engº. Ferreira de Magalhães em homenagem
a Karl Krauss.
Que tenciona fazer?
"Vou hibernar durante uns anos", assim se exprimiu o
Afonso quando inquirido por um jornalista de um diário
de grande expansão internacional.
"Não percebo nada disso", confessou humildemente o
senhor jornalista. Por isso tinha toda a razão pelo seu
lado o Afonso. Que chatos de merda! Colocado em apuros
pelo narrador disse então que já acreditara muito mais
nos livros, gosto é das imagens da violência que está
sempre a mais. Viste o ar do dono do café, retornado
sem glória, o Império todo fodido de repente, vieram sem
camisa e nem dá para saber o que estava dentro dos
caixotes, para a próxima já sabem vão todos à revista,
uns brincalhões é o que é, a incompreensão é terrível,
ninguém está inocente.
"Não salvam os filhos e querem salvar o país, angustio-me
só de pensar nestes pais, a responsabilidade é cada vez
maior, mas de quem será a culpa, se houver culpa?"
"Sabes lá o que custa ser jovem; não permitirei que
alguém diga que os 20 anos são a idade mais bela da vida",
rematara o Engenheiro cheio de saudades do tempo em
que lia Nizan.
Afonso assistia a este diálogo algo contrariado. Em
boa verdade neste momento o que lhe apetecia mesmo de
verdade era emborrachar-se, entrar direito ao pipo,
descobrir o local mais apropriado, ajeitar-se o melhor
possível e abrir o gargalo até ficar saciado...
"Lá se embebedou o estúpido do personagem", disse o
narrador agora armado em chui do Afonso. Este, contudo,
cambaleando entre o arvoredo, fez sinal com a mão para
que o povo o deixasse marchar em sossego apenas
com os olhos levemente enevoados, deu início a uma
terrível dança que colocou toda a aldeia em polvorosa.
Sozinho no adro, virando à direita e à esquerda, implorando
os céus, embicou direito à Igreja, apalpou a porta para que
não acontecesse nenhum desastre e ali bem ao centro
encomendou a Deus a mais espantosa de todas as punhetas.
"Ah, desgraçado!", foi o grito da velha Felismina, a
privilegiada testemunha deste sagrado acto, graças a Deus!
Caindo em si, o Afonso dirigiu-se para a sacristia sempre
acompanhado pela Felismina, não tão velha como isso, ora
bem, e ali mesmo juntaram os corpos em tão boa harmonia,
benza-os Deus que tão bem os consolou, estava vingada a
velha Felismina, ah eles queriam festa pois festas terão, o
padre já sabe agora que a vingança será terrível.

(J.A.R.)

Comments:
Passei para te desejar um bom fim de semana e deixar-te beijinhos embrulhados em abraços
 
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