Wednesday, May 31, 2006

 
Onde o autor se explica qualquer coisinha

O "Mar a Mar" chegou ao fim.
A partir de hoje poderão continuar a ler o "O Difícil Comércio das Palavras" sem entremeações. Por esta razão cada texto será numerado omitindo o título.
Quero agradecer uma vez mais a vossa cumplicidade neste caminho. Aos que se manifestaram e aos que na hora da partilha escolheram o silêncio!
Editor acima de tudo, poeta às vezes, foi o Júlio Pinto, jornalista e amigo que uma vez me questionou em entrevista para tentar saber se o editor iria matar o poeta ou o poeta iria matar o editor... Continuo sem saber a resposta e penso que o melhor é admitir as duas hipóteses, é mais seguro, prognósticos só no fim, como diria outro Pinto, o do futebol!
A verdade é que escolhi esta vida... sem estar à espera de retribuição ou gratidão.Nestas áreas estou pós-graduado.
Quero, no entanto, deixar aqui alguns nomes que, em diversos tempos e modos, me ajudaram nesta caminhada.
Eduardo Guerra Carneiro, poeta e jornalista, que com o célebre "Isto anda tudo ligado" se tornou no primeiro autor da Ulmeiro. Decidiu partir antes do tempo, esquecendo que mesmo sendo um grande poeta, nunca conseguiria voar...
Luís Veiga Leitão, poeta, gentleman, grande senhor, sempre muito bem acompanhado... Disse-me que o "Mar a Mar" era um dos seus livros de cabeceira.
O Professor Agostinho da Silva, pelas nossas conversas, pela amizade, pelo exemplo e pelos inéditos que entregou expressammente para a Ulmeiro editar, a saber, "Educação de Portugal" (ensaio), "Uns Poemas de Agostinho", "Do Agostinho em torno do Pessoa" (poesia) e "Quadras Inéditas". Algum dia partilharei algo do que pude testemunhar.
Eugénio de Andrade, poeta, que me ofereceu o título de "O Difícil Comércio das Palavras".
Ruy Belo, poeta, pelos nossos muitos encontros...Pela poesia, pelos livros...
Fernando Assis Pacheco, poeta e jornalista, as saudades que eu tenho da tasca do Bairro Alto onde às vezes nos perdíamos. Não sei se ainda existe... E nunca me perdoarei a viagem que não fizemos juntos a Barcelona ao tal Bar que estava decorado com poesia visual nas paredes!...
Ramiro Correia, capitão de Abril, que entrou pelas águas dentro no mar de Bilene, em Moçambique, e não conseguiu sair vivo.
O Carlos Paredes, pelos nossos encontros, desde os "inenarráveis" tempos da propaganda médica, em que nos conhecemos, até às memoráveis sessões na cave da Ulmeiro antes do 25 de Abril.
Léo Ferré, em Lisboa, aqueles dias, a mão no meu ombro no Cais do Sodré, depois de um jantar inesquecível, oiço agora o teu "Ni Dieu, ni maitre"...
O Zeca Afonso sempre, a amizade sempre, a lucidez sempre, a música sempre, a solidariedade sempre...Vivemos juntos muitos dias, muitas viagens, partilhámos muitos sonhos, alguns desencantos, a emoção daquele 25 de Abril de 74, primeiro na Ulmeiro, em Benfica, e depois nas ruas de Lisboa!
Todos eles nos contemplam algures num cantinho da nossa galáxia!...
Sou devedor de todos eles e de muitos, muitos mais...

Hoje não falarei dos vivos!

(J.A.R.)

Saturday, May 27, 2006

 
Mar a mar..........36

Aquela bonita virgem de ar cândido e vestida de branco saciava-se no rio e a água corria puríssima entre os ulmeiros.
Na pacatez dos verdes campos um rebanho saciava a sua fome ancestral.
Foi nesta altura precisa que puseste ponto final na aventura maravilhosa.

(J.A.R.)

 
Mar a mar..........35

Poderias ainda falar daqueles ciprestes perdidos mesmo à beirinha do cemitério contemplando o ar sereníssimo dos mortos e o repouso final sem mistério daqueles que têm toda a eternidade para dormir.

(J.A.R.)

Wednesday, May 17, 2006

 
Mar a Mar..........34

Deixa-me falar ainda longamente da esperança. Outros virão carregados de dinamite e assistirás então a um inolvidável espectáculo de destruição.
Mil anos que vivas as rochas lá estarão para aguentar o espectáculo das águas.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........33

A folha da oliveira é muito amarga. Porque não desistes a tempo? A tua sombra vagueava entre os mortos e a paz só seria possível em breve.
Ainda passarão muitos dias e noites antes que tudo se cumpra conforme está escrito.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........32

Mariana cantou no barco antes das águas subirem ao mastro e afinal de nada valeu.
Se tiveres sorte à roleta o vendaval amainará.

(J.A.R.)

Monday, May 15, 2006

 
Mar a Mar..........31

Semear agora um lindo campo de magnólias e ficar deitado na quietude desta tarde era bem o teu desejo, mas como?
Brevemente o saberás, pois as buganvíleas já começam a florir.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........30

Vagueavas então à sombra do arvoredo espreitando aqui e ali as lindas cores das hortênsias ao longo do caminho.
Deitaste contas à vida e um súbito calor te inundou as faces.
Quanto tempo passara já sobre a terra enegrecida pelo fogo de tanto combate adiado?

(J.A.R.)

Saturday, May 13, 2006

 
Mar a Mar..........29

Como poderei partilhar este tempo de flores e pássaros ignorando a semente?
Vão nascer certamente campos inteiros de girassóis e eu lá estarei é mais que certo. Porque esperas?

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........28

Dizem que se afeiçoou demasiado a um pequeno espaço e reagiu violentamente quando pretenderam roubar-lho.

Porque não o deixavam em paz?

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........27

O meu amigo disse: a única coisa de que me recordo nitidamente é do sabor da farinha naquele moinho perdido no monte onde pernoitei e saciei a fome.
Depois foi um longo deambular pelas serranias.
Nem se lembrava do cheiro do leite ou da ternura.

(J.A.R.)

 
Estou de volta!Os problemas com a visão, um pequeno derrame, estão ultrapassados por agora.Ossos do ofício, muitas leituras, umas por obrigação, outras por prazer, foi um susto para quem prometeu fazer ainda mais qualquer coisinha!
Estou a repensar o meu blog. Quis fazer mais uma experiência com textos já publicados em livro. Quis ver como funcionava esta nova "arquitectura" e como reagiam eventuais leitores. Vou concluir o "Mar a Mar" e depois verei o que acontece aos outros textos.
E o que vier...aí ficará!
Obrigado aos que me fizeram chegar palavras simpáticas nestes dias mais "nublados"...

Monday, May 01, 2006

 
Aos meus amigos, a uns quantos leitores!

Por razões de saúde, a conselho médico, estarei ausente durante mais alguns dias!
Obrigado aos que me enviaram emails, obrigado a todos...e até breve!

(J.A.R.)

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