Sunday, June 03, 2007

 
O Engº. Ferreira de Magalhães desancava o Henri Miller.
Aprendera de cor uma série de escritores e já nem sabia
se aquilo correspondia ao seu pensamento mais puro.
O Cu à Vela disse-lhe assim: fala bem a valer, ó Engenheiro,
até me regalo de o ouvir. Mas não entendi nada, também
não faz mal, é quase sempre assim, as pessoas falam por
falar,exceptuando, claro, os políticos que esses têm sempre
muito a dizer ao povo, com trabalho e paz tudo se consegue,
ainda havemos de ser um grande país, de leite estamos
assim assim, não faltam nabos, nem batatas, nem cebolas,
nem alhos, trabalhem que para vosso bem será, aproveitem
ao máximo a nossa determinação em servir-vos com toda
a alma e saber, olhem para as nossas obras, vejam o que nós
dizemos, não olhem nem para a esquerda nem para a direita,
olhem em frente, um dia destes entendereis melhor esta
alusão, estamos aqui para ouvir as vossas críticas, que Deus
Nosso Senhor vos ajude, amén. E pronto, com esta me vou.
É tempo de virar o disco para que a música mude.
A campainha está avariada, fiquei pregado à tua porta um
bom par de horas, tanto tempo que me esqueci de quase tudo,
até da missa e da jovem donzela vaporosa como a lua em
noite de luar, deitada com o Cu à Vela no fundo da charneca
em flor. O filme não merecia aquela bela companhia e nem
por isso tinha grande movimento. Como uma desgraça nunca
vem só as mamas da protagonista eram imponentes, e, parvinho
de todo, o Engº. Ferreira de Magalhães correu para a casa de
banho, já não havia lugar para mais um, assim se perdem as
boas ocasiões, pensou.
Foi então que se lembrou de um passeio longamente adiado,
tinha vontade de partir, de se meter em aventuras mas as
pernas não estavam para isso. Naquele dia, com o vento de
feição, os olhos preparados para ver, ouvidos de mercador
à escuta, ditou a sentença: é preciso dar um passeio. Mas
onde, para que estranhas paragens me conduzirá a mente?
E disse não é tarde nem é cedo! Nunca é tarde nem nunca é
cedo!
Lembrou-se de uma dívida antiga para saldar e começou o
passeio invocando a esbelta e nobre figura de Fernando
Pessoa, põe-te a pau, pá.

(J.A.R.)

Comments:
O amor é bom.
O amor é excelente.
Beijinhos embrulhados em abraços
 
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