Wednesday, June 27, 2007

 
Nunca na vida te ofereci uma flor, por distracção,
acredita. Distracções, pois, pois, não inventes, a
verdade é que nunca reparaste numa flor, confessa
aí, aspira o perfume do campo e vai ao mar. Ou então
toma uma atitude frontal, daquelas de estarrecer,
como o Sá de Miranda, já nem te lembras dos olhos
esbugalhados do professor quando pediste a palavra,
com o ar mais solene do mundo, (já tinhas feito a
comunhão solene), e disseste na aula sobre o Canto
Nono que nos andavam a enfiar barretes e depois a
malta andou por aí à procura duns "lusíadas" decentes
e custou como tudo descobri-los, aquilo era um
reformatório chato, mas não entrarei por aí desta
vez, custa imenso, o Sursum Corda e o Deo Gratias,
o vinho santo e a piela do outro apanhado com a
boca no vinho da missa e ai o gajo que mamou todo
o sangue de Cristo, expulsão pela certa se a malta
não se tivesse levantado para o impedir. Por aqui
entrarias em longos detalhes para explicar um
jornaleco clandestino que lá se fez, o Pólvora, estás
a ver o cheiro, mas já não adianta muito lamentar
o acontecimento, até pelos mortos, muitos e pela
santidade de alguns, santos de pau e pedra, que
ainda por lá estarão nos cantos da Capela e nunca
mais te curavas, tenta desligar-te, faz um certo
esforço, recorda os braços da amada ao redor do
teu corpo, diz que é um enorme cansaço que te
corrói a consciência, ou então entra pela porta das
traseiras e nunca mais regresses, O.K., estamos
conversados, mas bem vês que não é possível, os
amigos por onde andarão, tantos, do Norte e do
Sul, trocavam alguns os bês pelos vês, e de quase
nenhum tu sabes hoje, o que tu darias para os
juntar de novo, porra, parece que estás a escrever
as memórias, já velhinho e caquético, deixa-te de
histórias.

(J.A.R.)

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