Friday, June 01, 2007

 
Ainda nem sabes o que pensar da vida. Tudo é fácil e se
explica, mete os pés pelas mãos para te entenderem, se
não perceberem volta ao princípio e faz o contrário, mete
as mãos pelos pés, depois já sabes o que lá vem: o prémio
ou o castigo!
Claro que o teu livro é bem o sinal da mediocridade destes
tempos, nem sombras dos nossos maiores, uma unha sequer
do Camilo ou do Eça, ainda a cultura nos chega de França
em caixotes, agora melhor aconchegados, mas chega, claro
está. Não te faças distraído, por onde andaste que chegas
sempre tarde, nas putas ou quê, está bem de ver que sou
um tipo bem comportado, não se nota, na aula o único
óbice é aquele vestido transparente da professora
esgazeada, quem a manda vestir assim, depois é o que se
vê. Habituei-me e agora já nem me rio do esquecimento,
habitava então uma espécie de reformatório e neguei-me
à ginástica, porquê, já nem me lembro bem, e já nem
quero sequer recordar.
Aconchegaste-te ao meu ouvido e as únicas palavras que
ressoaram, assim o lembro e desculpa se me engano,
foram estas: "Amo-te loucamente". Depois eu disse:
procurei-te desesperadamente em todas as mulheres
que amei. Esperarei todo o tempo do esquecimento.

(J.A.R.)

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