Wednesday, May 23, 2007

 
O mar. Os pescadores. Herói de todos os mares, o
Engº. Ferreira de Magalhães. Os filhos. A vida. A
infância. As lutas no seio da família. As rivalidades.
A intriga. Os segredos do mar. O amor e o ódio. As
tempestades. O inverno. O verão. A invasão dos
turistas. Duas inglesas em maré de cio sacodem
as suas angústias nos braços de dois jovens pesca-
dores, nas dunas, próximo da praia abandonada.
O barco que não voltou. As buscas. Os achados no
mar. Os golfinhos que acompanham o barco. Olhos
que imploram a vida contra a desumanidade de
vingadores de causas perdidas. A origem de todas
as dores. A lenta descoberta de cada um dos
personagens. Maria do Mar, mulher do Cu à Vela,
contadora de todas as histórias do mar, à beira
do cais, nas longas esperas abençoadas por Santo
Eufrásio a quem todos juraram mil velas do formato
de um pequenino barco salva-vidas encontrado
à porta da capelinha de Nossa Senhora dos
Navegantes. Acima de tudo, para que conste,
fica a terrível loucura do narrador, sitiado
às portas da cidade, quando no meio de uma praga
de corvos em busca do seu sangue, montou no seu
cavalo branco, o preferido, e nunca mais conseguiu
romper o cerco por manifesto descuido e incapacidade.
Vai agora assimilar a toda a pressa a arte de bem
cavalgar toda a sela enquanto o inimigo dorme
distraído às portas da cidade num trágico
acampamento onde as baionetas reluzem ao sol.
Incomodado pelas explosões da guerra despertou
novamente o narrador e dirigiu-se para o barco
acompanhado pelo Engº. Ferreira de Magalhães,
herói de todos os mares, aquele que trinca vivas
as cabeças das enguias e as enrola à cintura.
Naveguei em quase todas as águas e percorri
vários destinos. De tudo o que vi, o pior foi uma
enorme tempestade que levou a maior parte dos
homens do meu barco. Aguentaram-se ainda
muito tempo sobre as águas, mas quê, os socorros
não vieram. Eu aguentei muitas mais horas em
luta com o mar. Conheço-o bem. Ganhei-lhe
muitas batalhas, mas ninguém pense que é mais
forte do que o mar. Quando está bravo, mete medo,
é de fugir. Quando foi que o Engº. Ferreira de
Magalhães entrou no mar pela primeira vez?
Nem ele sabe, já não se lembra. Em pequenino
andava lá em baixo num pequeno quartinho, bem
embrulhado, enquanto o pai deitava as sortes ao mar.
Depois...ele morreu. Tinha sete anos. Começou logo
a ocupar o seu lugar. Ajudava conforme podia, lá
se ia safando. Caiu à água aos nove anos e lá o foram
buscar, mas nessa altura já conhecia bem a força
do mar.
Nem sei bem porque se queixaram as inglesas no
posto da polícia, disse o Cu à Vela, as gajas nem
sabiam de que terra eram, talvez tenham perdido
o norte, disse com muita sabedoria o Engº. Ferreira
de Magalhães. E rematou com Horácio: os que
atravessam os oceanos, mudam de céus, mas não
de ideias.

(J.A.R.)

Comments:
Meu amigo José,
Na verdade, é preciso "que ninguém pense que é mais forte do que o mar".

E também que os cercos não são definitivos.

Ou então chamamos o Egipto Gonçalves, que ele ensina-nos a furar o bloqueio.

Um abraço.

PS- Quando é que vais à feira, se é que vais?
 
Os segredos do mar, o Inverno, os pescadores, a vida, a infância ...

tenho a alma aí dentro Zé!

Velo texto, cheio de força, serão as correntes da vida?


Uma noite descansada.
 
Bom dia, posso trocar o "V" pelo "B", B de Belo.

Votos de um bom dia
 
Caro Manuel,

Vou à Feira, seguramente num sábado destes até para estar com o meu amigo António! E ver aquele acampamento...
Um bom Fim de Semana!
 
Bom Fim de Semana, Alex:)
Um grande abraço!
 
É assim... Depois de tanto esbracejar a conclusão é a de que Horácio estava certo.
De nada servirá atravessar o imenso mar...
Sim, de que serviu?
 
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