Wednesday, March 14, 2007
"O mandarim ordenou-me lhe ensinasse
a desenhar um cavalo suspenso,
com a tinta proibida dos secretos ideogramas.
O mandarim era um homem medroso, soberbo,
perverso e ignorante.
Um sábio solerte e raro induzira-o a crer
que ao assim desenhar um cavalo suspenso,
no reverso granulado de um círculo
de folha de arroz,
feita por mãos molhadas de lágrimas
tantas e amargas,
era-lhe concedida a graça inexplicável
da imortalidade.
O mandarim desconhecia,
porque o sábio solerte e raro lhe não revelara,
que, ao cabo de indeterminado número de sextas luas,
as lágrimas tantas e amargas,
ocultas no coração da folha,
renasciam de tanta e amarga dor
e afogavam o cavalo suspenso."
Apólogo de Ma Yoan, pintor e poeta chinês, séc. XIII
In Baptista-Bastos, O CAVALO A TINTA-DA-CHINA,
1995, Edições Temas da Actualidade
a desenhar um cavalo suspenso,
com a tinta proibida dos secretos ideogramas.
O mandarim era um homem medroso, soberbo,
perverso e ignorante.
Um sábio solerte e raro induzira-o a crer
que ao assim desenhar um cavalo suspenso,
no reverso granulado de um círculo
de folha de arroz,
feita por mãos molhadas de lágrimas
tantas e amargas,
era-lhe concedida a graça inexplicável
da imortalidade.
O mandarim desconhecia,
porque o sábio solerte e raro lhe não revelara,
que, ao cabo de indeterminado número de sextas luas,
as lágrimas tantas e amargas,
ocultas no coração da folha,
renasciam de tanta e amarga dor
e afogavam o cavalo suspenso."
Apólogo de Ma Yoan, pintor e poeta chinês, séc. XIII
In Baptista-Bastos, O CAVALO A TINTA-DA-CHINA,
1995, Edições Temas da Actualidade