Sunday, January 28, 2007

 
"Difícil é andar sobre o aguçado fio de
uma navalha;é árduo, dizem os sábios, é o
caminho da Salvação."
Katha-Upanishad

In W.Somerset Maugham, O FIO DA NAVALHA, 1974, Círculo de Leitores

Comments:
Também li este livro, já há uns tempos (devia ter uns 16 ou 17...) e marcou-me profundamente. Já não me lembro bem da história, mas lembro-me que era uma mensagem cheia de significado sobre a vida e os seus caminhos.

Continue, continue. O que é que vem a seguir? :)

E obrigada pelo poema lá em baixo, também não conhecia esse, é muito bonito. Aliás, tudo dela é bonito.

Boa noite :)
 
Olhe, lembra-se da crónica do Agualusa que lhe falei aqui há uns tempos? Chama-se "O Mundo do Avesso" e está publicada na "Substância do Amor e Outras Crónicas", da Dom Quixote. Então lá vai (um excerto):

"(...)
"Viver num mundo como este, virado do avesso, não exige apenas enorme coragem; requer, sobretudo, inesgotáve paciência e uma lucidez inabalável. Recordo-me, a propósito, de uma estória que a minha avó gostava de contar: certo dia caiu uma chuva perversa sobre uma aldeia de camponeses e todas as pessoas atingidas por ela enlouqueceram. Apenas um homem não tinha saído nesse dia para trabalhar no campo, porque estava indisposto, e assim foi ele o único que manteve o juízo. Não demorou muito tempo para compreender a dimensão da sua desgraça: vinha um e cuspia-lhe no rosto, vinha outro e dava-lhe uma paulada, chegava um terceiro e ria-se dele. Ao fim de poucos dias, desesperado, o homem lançou-se a uma poça de água.

Para não se lançar à água, Nelson Pestana abandonou Angola e está actualmente a concluir uma tese de doutoramento numa universidade francesa. Muitos outros, aqueles que o podem fazer, seguem-lhe o exemplo. Os que não conseguem sair fecham-se nas suas casas, enquanto lá fora, cai, cai sem parar, a chuva espessa da loucura.

Naquele lado adverso do mundo nenhuma notícia parece causar espanto, inquietação ou revolta. Recentemente os médicos decidiram abandonar os hospitais públicos por falta de meios. No Maria Pia, por exemplo, os pacientes morriam na mesa de operações sempre que havia uma falha de luz pois não existe no maior hospital de Luanda um único gerador eléctrico! Nas vivendas do Alvalade ou do Miramar funcionam, em contrapartida, geradores capazes de alimentar um quarteirão inteiro.

O roubo de urnas nos cemitérios tornou-se prática comum. Há algum tempo atrás contaram-me o caso de um viúvo que preferiu destruir a urna da esposa, à machadada, antes de a enterrar. Não conheço mais impressionante gesto de amor, mas em Luanda, quem me contou isto - e foi um amigo meu - ria-se do velho"
(...)"
 
Olá, Papu, boa tarde:)

Obrigado pelo "aperitivo" do José Eduardo Agualusa. Lá vou ter que comprar o livro...
Espero ainda hoje ewnviar-lhe o email prometido!
Um abraço
 
Tenho vindo ler, apreciar, reler, e confesso que, embora admire a capacidade de escolher algo num mundo que se identifique connosco, tenho saudades de ler os originais ... os seus.


Passei, assim, numa manhã de chuva e de nostalgia, para lhe deixar um olá e um abraço José.

Sempre um prazer, visitá-lo e ainda mais encontrar a Papu por cá, por quem tenho a maior estima.

Um espaço acolhedor, o seu.
 
Comentei neste. Porque será? Ha! O Fio da Navalha claro :-)

A vida é uma conquista diária, quando conseguimos algo de maneira fácil e directa não lhe sabemos dar o verdadeiro valor.

É dificil educar um filho nesse sentido, quando no mundo ao seu redor, os valores são outros.

Estou a tentar, sem garantia de sucesso, mas tento. O sabor da vitória quando conseguimos algo com algum esforço, trabalho e dedicação é tão bom ... e compensador.
 
Alex:)

É sempre um prazer lê-la, visito-a com regularidade, muitas vezes silencioso! feitios...aparte, sei bem que toda a minha vida se consumiu "no fio da navalha"...Estive quase sempre no trapézio sem rede...e hoje, olhando para o deve/haver global sei que o preço foi/é demasiado pesado!...
Creio que abomino para sempre a raça invertebrada, mole, viscosa e sem alma! Dei sempre tudo o que tinha para dar...mesmo quando quase nada deu certo!
Espero o melhor para si e para a sua pequena, minha "colega" da espinha na garganta!...O que podemos desejar para os nossos, para além de um mundo melhor do que este que encontrámos, é que cumpram o seu destino com saúde...e essa é certamente uma dor que não tem cura nenhuma...
Um grande abraço!
Ah, vou voltar com mais uns textinhos que lhe vou dedicar a si e à Papu:)
 
«bem que toda a minha vida se consumiu "no fio da navalha"...Estive quase sempre no trapézio sem rede...e hoje, olhando para o deve/haver global sei que o preço foi/é demasiado pesado!...
Creio que abomino para sempre a raça invertebrada, mole, viscosa e sem alma! Dei sempre tudo o que tinha para dar...mesmo quando quase nada deu certo!»

não preciso de saber muito sobre si, sobre o homem ou escritor, basta-me ler o que li agora.
É engraçado José, neste mundo virtual onde apenas os sentidos nos dão algo sobre a "pessoa" por detrás de um blog, conseguimos perfeitamente ver através das letras que há alguém com quem sentimos mais empatia, independentemente das diferenças de idade, raça, etc.

Não me costumo enganar nas minhas intuições ... e fico feliz por perceber dia para dia que valeu a pena ter encontrado o Voo da Coruja.

Bom sábado, bom Domingo, e um abraço com votos de um bom descanso.


e um sorriso também, porque é o que me acontece sempre que ando por cá, pelas suas palavras.
Obrigada.
 
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