Monday, April 10, 2006

 
Mar a Mar..........26

José Ribeiro, Meu Pai-III

Mesmo que a madrugada rompa como uma açucena é bom não esqueceres que o trigo se verga ao vento e que as ervas daninhas percorrem todo o campo em busca de alimento. Se ainda não esqueceste tudo, meu filho, lembra-te ao menos da forma maravilhosa do feijão irrompendo da terra naquela manhã de Junho em que ambos percorríamos a vinha e eu notei a tua estranha alegria enquanto ternamente me apertavas a mão.
Podes crer, Pai: não mais esquecerei o cheiro da terra e o sabor daquela água que bebemos juntos no vale, após uma longa caminhada pelos montes.
Recordarei sempre a leveza da tua mão poisada nos meus ombros.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........24

José Ribeiro, Meu Pai-II

Partiu tão silencioso como sempre. Nem um queixume. Tantas coisas para te dizer, tanta Dor, resistirás pois para sempre e a minha memória é como um templo dourado. Que mais te diria hoje? Bem sabes que o tempo ainda não é propício para as sementeiras e todavia continuo a ver-te teimosamente agarrado à terra.
Como não hei-de seguir as tuas pisadas se uma pequenina luz brilha ao longe e já não há lugar para o medo?

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........23

José Ribeiro, Meu Pai

Fitou as próprias mãos e descobriu a infinita capacidade da caneta rasgando traços no papel em branco. Ajustou melhor o ouvido e teve medo até da própria sombra: os fantasmas rondavam a casa na infância e foi necessário acordar um pai bom e generoso para pôr fim àquele pesadelo.

(J.A.R.)

Sunday, April 09, 2006

 
O Difícil Comércio das Palavras..........13

Tens direito a várias leituras, incluindo a electrónica, tudo o mais me interessa agora, estão a destruir a língua, instrumento precioso na hora da retirada estratégica, havia um enorme coração à porta, afasta a dor, haverá uma primavera para florir de novo, mas mesmo isso é duvidoso, nada se perde tudo se transforma, Lavoisier o disse, o tempo curou-o, jogas à roleta para afastares o espectro da riqueza, tem cuidado, não te enfrasques em livros e comprimidos, perderás esse ar sério, por onde tens andado que nem te reconheço, cruzaste as pernas, olhaste a jovem e esse terno olhar foi suficiente para a tua memória, asas para o vento, para quê as prisões, solta os pássaros, o pior é que já não sabem voar, a Alice está no país das maravilhas, ainda ontem falava de ti, deves cortar essa barba, não guardo ressentimentos, tudo passa como um grande rio ou um grande mar.

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........12

A casa perdida entre os ulmeiros era um magnífico refúgio, aqui voltarás sempre que queiras, virás de braços abertos como todos merecemos, o teu quarto está como dantes, a humidade é sempre o pior, lembra-te da caliça e do reumático, a espingarda dos pássaros estava à tua espera, não lhes acertes, fazes pontaria um pouco ao lado, não custa nem é grave, não faças barulho, nenhum vizinho te incomodará e poderás mesmo dedicar-te à escrita, esse livro talvez possa terminar melhor do que nós, mas isso é a única coisa importante, e por isso entenderei o teu egoísmo, semelhante ao meu, o pior é o ladrar do cão há tanto tempo, agora não há incêndios nem vale a pena guardar a floresta, fica-te com essa que a mentira compensa, visitar um pai e uma irmã, que já não visito há muito, e, no entanto, o resto está feito, que adianta rememorar as coisas mais tristes se o teu crescimento se nota em todos os pormenores e reaprendeste a alegria de estar só no silêncio da noite, apenas entreabriste os olhos para contar quantas vezes andou o morcego ao redor da luz, vezes infinitas, impossível saber agora, mais tarde talvez e o sono acabou por vencer-te. Foram muitas noites sem dormir. Merecias a paz do reencontro contigo, atá sempre, apesar de tudo, gostaria de saber-te viva e feliz.

(J.A.R.)

Saturday, April 08, 2006

 
Fragmento e Enigma..........17

Uma chuva que corre límpida
na brancura destas paredes de pedra
pedra e húmus raízes resina

musgo verde início de vida
na terra meu bem amado planeta

quem o pudesse ver azul de fogo
bola metálica circunferência de luz
claridade deixa-me fitar-te
os olhos de amêndoa e de ébano

paus de sândalo e incenso inebriam
as tuas horas nocturnas deita-te
comigo junto ao fogo despe toda
a tua roupa o frio é agora
impossível minha rainha coroada de luz

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........16

Se há filosofia na alcova
é porque necessariamente
existe a possibilidade
de saber dos ritmos certos

para a nossa fome
como saber do peso da cama
precisamente agora que a chama
te inunda de grande sabedoria

Basta um grande sorriso
um vendaval sobre os escombros
os teus ombros na sombra

dos astros o reino mineral
as mãos cheias de açucenas
baralhando este monte de penas

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........11

Mãos nos bolsos, assobiavas como um pássaro nocturno e eras sempre o último a partir, rebelde para a mãe e a mãe para ti, o futebol sempre, o pior foi quando quiseram arranjar-te namorada, menina séria e de bem em dia com a igreja, mais tarde se veria quando comprasses um ómega, as horas paradas no tempo, está escrito: só há um amanhecer, além do mais hoje detesto a solidão.

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........10

Força meu velho, acima de tudo a coragem, logo daremos uma volta pela azinhaga e mais tarde sentar-te-ás comigo a guardar as ovelhas. Se soubesses o que custa ser pastor de uma freguesia destas com as beatas a rondarem-me a casa, um homem nasce, a tua mãe é que foi a causadora de tudo, bem sei o peso dos teus olhos, Maria das Dores, a serra, o trabalho aos oito anos, os filhos, e novamente as dores de parto, os que morreram cedo, e nós todos à tua procura, a aflição e as arrelias, o relógio do pai, tiveste algumas tardes de glória, vivo diabo, latas de sardinha toneca pelas adegas que nunca mais as comeste tão boas, ainda agora fizeste nova tentativa, mas é tarde pá, nem os amigos estão na mesma, alguns já lá vão, a puta da guerra e os traumas, as noites ao relento a assobiar para as estrelas, o porte majestoso daquele velho pinheiro manso especado no cimo da aldeia, o nosso mundo, as cartas por jogar, os dados estavam lançados e nós por ali à espera de boas notícias, uma namorada ou um bailarico, ingénuos como sempre, a verdade é que já nem te conheço hoje rapaz, bebíamos pelo mesmo copo, e agora?

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........9

Não rezes mais, os olhos ardem ao sabor do incenso, havia um lume brando e uma água-pé quente com açúcar, ninguém resistiu, como estás mudado, só de ver essas olheiras, bem poderás ainda aguentar uns anos mais, nada de convalescença, há bons e maus momentos, paciência, atrás de tempos tempos vêm, lembra-te dos amigos se estiveres à rasca, já sabes que as ocasiões fazem a poesia, e depois a influência genética na psique é algo a que nunca podemos fugir, do mesmo modo que não se escapa à influência astral, desculpa lá o mau olhado, faremos então esse pacto e deitar-nos-emos na relva logo depois da sesta, ou iremos ao concerto do Vivaldi, porque não bebemos à nossa? Vem daí que se faz tarde!

(J.A.R.)

Thursday, April 06, 2006

 
Mar a Mar..........22

Para onde me levas tu? Se tiveres de me deitar não te esqueças de me despir silenciosamente e cumpre então todas as promessas por realizar, podes ainda em surdina ouvir a voz do mar e uma canção alegre despontará para sempre no meu coração. Não temas nada de mim, levarás contigo e para sempre aquela rosa vermelha que coloquei tão suavemente nos teus cabelos desgrenhados.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........21

Gostava de te amar assim docemente e em silêncio, apenas esse torpor suave e terno propício aos longos espaços verdes e solitários. Gostava de ouvir a lenta respiração do teu corpo, que mais então é necessário para que te procure errante e pensativo? A queda no escuro impede agora o teu sorriso. As crianças brincam na relva, é mais que suficiente, porque esperas um novo sinal?

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........2o

Quem vai entender tudo do tempo? As constelações acastelam-se nos ares e zás, a queda estará mais próxima.

O granizo ficou a reluzir metalicamente ao longo da auto-estrada e nem deste pela violência do embate. Andas sempre distraído, meu velho!

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........19

Conheces o peso da doçura nos teus olhos? Sabes lá o que custa fitar-te em noites de insónia.

Se vivesses sempre deste lado do mar dar-te-ias conta do vermelho das papoilas e do vagabundear da raposa ao redor da casa.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........18

Desceram então ao longo do cais e as suas mãos entrelaçadas eram bem o sinal dos novos tempos por chegar.

Creio que a maior dor é ainda a fome a sede e este cheiro a sémen nas tuas idas e vindas ao redor do cais sem uma palavra amarga.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........17

Se resolveres passear sobre a sombra dos castanheiros lembra-te que a erva está muito escorregadia. Outra coisa apenas te peço: poupa as heras que se enrolaram nas árvores ao longo de todo este tempo.

(J.A.R.)

Wednesday, April 05, 2006

 
O Difícil Comércio das Palavras..........8

As horas paradas de frente para o medo, talvez reencontres essa paz antiga, os campos em flor, aquele par de namorados junto ao regato, as mulheres que lavam no rio e acima de tudo essa necessidade imperiosa de cantar contra tudo e todos enquanto uma enorme quantidade de corvos ronda a estrada à espera dos restos do teu sangue. Viste bem a cor das vogais dançando nas dunas junto à praia?

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........7

Vais rebentar um dia destes, se não resolveres parar uns instantes, só o tempo suficiente para descobrires o cheiro das estevas, já que nem deste pelo porte digníssimo das oliveiras, sabes que idade têm? Trezentos anos, acredita, quantas tempestades por lá passaram, quantos ventos e marés, quantos fantasmas rondaram aquelas noites, quantos amorosos ninhos de pássaros albergaram as suas ramagens, e o finíssimo azeite quantos pratos regou? E acima de tudo quantos homens e mulheres se acolheram à sua sombra majestosa depois de cada sementeira? O descanso e o silêncio não têm limites. É a hora do entardecer na planície longínqua.

(J.A.R.)

Tuesday, April 04, 2006

 
Fragmento e Enigma..........15

Seremos sempre cúmplices do silêncio
nada mais vagueia no
infinitamente grande espaço
só o chocalhar dos rebanhos
que também se chama solidão

só o cantar longínquo
das feras tão perto de nós
fora das águas e dos abrigos
apenas o rasto desaparecido
de tantas figuras e humanas
criaturas tão terrenas

apenas o teu cabelo de princesa
o rosto vagabundo da noite
contigo debruçada sobre a mesa

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........14

Havia uma feira um carrocel
uma lata enfrascada de mel
a tua doce e única presença
a minha sempre certa ausência

Um domingo de fatos novos
nas igrejas as meninas no coro
o grande e indecente assunto
de gente bem pouco decente

E ainda e sempre a chuva
nas calçadas e os pés descalços
na lama os lobos no monte
descansados e tão inseguros

e um bispo a pregar
cantigas de encantar

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........13

Dirias de um país distante
talvez a importância da tempestade
violenta a inundar as frágeis
cabanas de colmo e argila

uma certa nostalgia de um sorriso
de criança com os olhos assustados
as mães com os filhos às costas
a imensa sabedoria dos velhos
a música e a dança a
inundarem-te o cérebro e o sexo

tantãs guerreiros sobre os fogos
nocturnos corpos suados
de prazer a festa
da amizade certamente

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........12

Catedral gótica é uma noite
de estrelas poisadas na floresta

talvez Júpiter cansado de ser deus
poise suavemente sobre os eucaliptos
e cumpra a enorme tarefa
de povoar este universo tão vasto

e olvide a qualidade das suas gentes
distraídas com pequenos nadas
pequenas guerras pequenas misérias
pequenas glórias vãs e tão pouco sábias

muitos sábios falando de cátedra
sobre pequenas pequeníssimas coisas
pequeno país a morrer
à míngua de o não ser

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........11

Dirias de um sinal nos céus algo como
o vento a fustigar o teu rosto
de rainha e princesa ó minha bem
amada flor do mato como te falar
do silêncio e da dor dos poetas
eternos solitários ao longo dos caminhos

tão certas as ideias tão certo o ar
que respiramos tão certo o vento
na floresta tantos animais bravios

à solta tanta avareza
tantas aves de rapina pelos campos
magnífica é a luz que se insinua
nas frestas das casas no olhar
da madrugada que se ergue em cada dia

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........10

Em breve saberemos notícias
das guerras todas o imenso cemitério
tornará inevitável a doce paz
só o silêncio habitará o espaço

talvez uma alga uma amiba
possa sobreviver no fundo
da ravina ou então um líquen
ou um pequenino musgo

E no entanto é preciso cantar
e no entanto nada mais é preciso
senão derrotar de vez a cupidez

e o medo deste terror universal
que se passeia impune nos céus
a cupidez a estupidez a cupidez

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........9

Estão de pé todas as estátuas
e limpas e é límpida a mágoa
de as ver assim despidas
e completamente abandonadas

nalgum canto da lua nascerá
a tua imagem luminosa
talvez Ravel por lá passe
essa seria a tua música

por mim ficarei contente
aguardarei os melhores sons
após o que apurarei os sentidos

todos os sentidos farão sentido
estaremos deitados pela certa
é inverno beberemos bom vinho

(J.A.R.)

Sunday, April 02, 2006

 
Fragmento e Enigma..........8

Em cálida manhã na serrra
enumeraste todas as tuas loucuras

inacreditável peso do tempo a
longa memória dos passos passados

sei lá da razão da flor disseste
sei lá da razão da dor disseste

sei apenas que razão e dor
não condiz muito bem com flor

isto foi tudo o que sonhei
foi pouco quase nada então
ainda soube do rigoroso inverno
e dos mendigos enregelados nas vielas
cegos que somos
tão pouco queremos saber

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........6

É altura de lembrar aquela sementeira de chícharos, as mais belas flores da tua memória, a casa perdida na serra e a mulher que por ali andava a iniciar garotos, que bela visão, talvez fátima seria, o cheiro do feno, não tiveste tempo para contemplar as flores, mais tarde sim, mas já era tardíssimo. Vezes sem conta lá voltaste como o criminoso que sempre regressa ao local do crime, ali mesmo ajoelhaste ainda entusiasta do cálice e quando a noite ia longa adormeceste tranquilamente.

(J.A.R.)

 
O Difícil Comércio das Palavras..........5

Ficaste vazio como os riachos no tempo das regas, nunca mais guardarás a água junto ao poço nem é já necessário aparelhar o burro para as voltas da nora, e no entanto, é como se fosse hoje, uma caminha quente rente ao muro e um pequeno refúgio junto ao tanque, apenas te preocupam os salpicos das pequenas gotas de água de quando em vez.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........16

Beijaste a terra e os lábios secaram-te qual bêbado em período de ressaca.
Agora sim, era necessário enfrentar aquela dor antiga. Para onde irá a tempestade? E os barquinhos acesos no temporal? Qual o cheiro do peixe na manhã do S0l Nascente?

Benzeste a fronte qual ateu eremita no cimo do monte e ficaste feito parvo perdido no nevoeiro.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........15

A alvíssima espuma do mar era agora o motivo do teu silêncio qual estátua imóvel frente ao desconhecido. Habitavas então uma sereníssima cabana e a música doirada do Oceano serpenteava entre as imponentes vagas da madrugada.

(J.A.R.)

 
Mar a Mar..........14

O comprimido tinha bom aspecto, engole-se com água, leite, sumos ou vinho tinto. És louco, disse ela. Deitou-a então toda nua no barco e partiram em direcção à Estrela Polar. Acordaram tarde.

(J.A.R.)

Saturday, April 01, 2006

 
Fragmento e Enigma..........7

De costas viradas para o vento norte
imaginas uma imensa planície
de espigas papoilas e malmequeres

bem gostarias de saber novas
das velhas coisas por exemplo
um país diferente o sonho antigo

a revolta nas palavras cansadas
o florescer das velhas amizades
gastas de palavras precisamente

Um esforço mais vem muito
a propósito como vamos de maresia
nos teus cabelos um sabor a sal
o mel nos teus olhos de sereia
o ribombar do fogo na lareira

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........6

A noite a tua longa noite
de criança os espaços em branco
a lua cheia os ritmos
os ritos que inundam o campo

o teu corpo na minha sede
a tua fome no meu pranto

convido-te para a longa ceia
dos namorados muito embora
seja crível que nada seja crível

que queres ver também cansa
e nem sempre um homem tem fé
ainda ontem fitei o horizonte
vi a pomba da paz
com a tua imagem na fronte

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........5

Um crescendo de emoção um filho
um livro uma paixão uma lua
para a noite a tua casa verde
ilha perdida no meio da floresta

habitam-na cinquenta longos anos
tantas noites e tantos dias
amores sonhos alguns desenganos
bom vinho em odres velhos

celeiros de milho e trigo
as desfolhadas em luas certas
a grande febre nos palheiros

assim nos deitámos sobre a erva
era um dia de verão por
companhia a sábia postura do cão

(J.A.R.)

 
Fragmento e Enigma..........4

Dizias em breve as aves migratórias
levarão notícias deste recanto ocidental
nada de especial apenas asas
e vento talvez um vendaval

nocturno uma brisa suave
os teus seios na minha boca
o espanto dos espantos

meu velho pardieiro incendiado
meu fogo posto ao anoitecer
minha estrela a brilhar nos céus
meus amigos ouvi esta verdade

foi assim que tudo se consumou
perdemos no jogo ganhamos no amor
nem sempre perde quem mais amou

(J.A.R.)

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